//Como se preparar para os ventos da mudança

Como se preparar para os ventos da mudança

Há alturas na vida em que o nosso sistema interno pede uma mudança, um novo equilíbrio. No entanto, abrir mão do equilíbrio alcançado e ousar arriscar na criação de novos equilíbrios nem sempre é um processo simples e espontâneo. É mais fácil fazer mudanças quando existem circunstâncias externas que nos empurram para fora da zona de conforto (despedimento, ultimato, ameaça de penalizações ou perdas significativas), requerendo mais persistência e determinação para construir novas rotinas que desafiam a resistência à mudança. Surgem sensações paradoxais. O querer e não querer. O avançar e a sabotagem dos avanços. É como se houvesse duas forças que nos puxam, em direções diferentes, devido ao medo do desconhecido que nos mantém reféns da situação atual.

O HERÓI E A SUA BÚSSOLA INTERNA

Todos temos uma predisposição para sermos os heróis da nossa história. À luz do arquétipo do herói, vamos tendo «chamadas» ao longo da vida – momentos em que sentimos que é tempo de mudar ou situações que nos convidam (ou obrigam) a mudar. Essas situações tendem a acarretar duas possibilidades:

  1. mudanças de padrões de comportamento (comunicação, liderança, capacidade de influência, gestão de tempo, redução do stresse…);
  2. mudanças de paradigma (outro emprego, criar um negócio por conta própria, ir viver para outro país…);

Como qualquer herói dos filmes ou das histórias, é importante reconhecer as «chamadas» no tempo certo – essa sabedoria interna é a nossa bússola –, tomar consciência da situação e sair da zona de conforto para enfrentar os monstros e os perigos que a aventura representa. Só reconhecendo as «chamadas» e ativando a vontade de mudar é possível iniciar uma jornada de transformação. Se os sinais exteriores de que tem de mudar são claros e persistentes, há que agir sem falsas partidas antes que perca o momentum.

ATRAÇÃO PELO FUTURO

Habitualmente, esta atração nasce de um sonho que, tal como um vulcão, sai do estado latente e entra em erupção. Há, no entanto, que distinguir entre um sonho e um objetivo. O sonho pode não passar de um escape para uma realidade insatisfatória. Quando o sonho se converte em objetivo, passou o teste da realidade. Começamos a acreditar que é possível concretizá-lo através da força, da determinação e da capacidade para vencer os obstáculos.

Quando a insatisfação gera a vontade de mudar, o desafio é suspender o medo e a inércia e encontrar a energia necessária para dar o passo seguinte: descobrir o que se quer, explorar potenciais oportunidades e identificar os riscos a gerir. Conhecer os seus desejos mais profundos é já uma transformação e parece ser fundamental para desativar mecanismos de sabotagem inconscientes. Evoluímos sempre que desatamos os nós, sempre que olhamos de frente os nossos desejos e os avaliamos com rigor e verdade. Mesmo que decida ficar na mesma, o poder de escolha é transformador por si só. Saímos da zona de conforto, enfrentamos medos e fantasmas e voltamos revigorados.

Negar os sinais de mudança aumenta o risco de cairmos numa situação de rotura em que tudo se precipita e somos empurrados para fora da zona de conforto sem preparação. Muitos experienciaram já a perda de situações confortáveis que davam como garantidas – um emprego, um estilo de vida, uma rede social de suporte. O instinto leva-nos a reagir a mudanças abruptas e intensas, mas quando os sinais de mudança são discretos e progressivos temos tendência a ignorá-los. A lentidão ou a celeridade da nossa resposta podem fazer a diferença entre «ser arrastado pelos ventos da mudança» sem estar preparado ou aproveitar essa força transformadora e convertê-la numa oportunidade. Quando acontece sermos arrastados, é importante «fazer o luto» para fechar o ciclo antes de começar uma nova etapa.

É muito comum não sabermos o que queremos. É mais fácil saber o que não queremos ou não podemos ter do que aquilo que desejamos para o futuro. Abrir espaço para uma transformação passa por saber o que quer, o que o atrai. Como em qualquer jornada, trata-se de entrar num espaço de exploração dos sonhos, que o levará a escolher mais facilmente o destino da sua viagem. Saiba que existem sempre oportunidades. Quando abraçar a mudança, estará pronto(a) para traçar o seu rumo. Lembre-se: a motivação para a transformação é a chave para a tomada das suas decisões.

 

EXERCÍCIO 1

 Propomos-lhe este exercício que o (a) poderá ajudar a identificar a sua motivação.

Qual a sua motivação?

Defina, numa escala de 1 a 10, qual a sua vontade de alcançar a meta a que se propõe.

É um 7 ou inferior a este número? Então não está ainda preparado para fazer cedências e ter a disciplina necessária para chegar a bom porto.

É um 8 ou superior a este número? Então tem energia de mudança que faz com que valha a pena empreender. Não irá desistir facilmente e tem a determinação para vencer as adversidades naturais que surgem quando se ambiciona uma transformação.

Se não tiver energia suficiente para esta meta em particular, pode perguntar a si mesmo(a) o que precisa de ajustar na definição da meta, para a tornar mais atrativa. Ou ainda, que outra meta pode ser mais energizante para si e que, por algum motivo, não se autorizou a considerar por a achar inadequada, inalcançável ou pouco atrativa? Talvez seja essa que está a reclamar para si a prioridade… só o(a) leitor(a) o poderá saber.

2018-11-13T14:43:58+00:00 13/11/2018|